Ler para suportar
Tem dores que palavras mal conseguem tocar. E mesmo assim, existem crianças que as vivem todos os dias. Leia para refletir sobre o poder dos livros em tempos de dor. Porque a infância, mesmo entre ruínas, ainda sonha.
Giselle Nunes
7/14/20251 min read


Tem assuntos difíceis de falar. Tragédia, dor, morte, despedaços, violência, destruição, desespero, orfandade, tristeza, obscuridade. Guerra. Mentes, imagens, lembranças fragmentadas. Crianças, como estarão vivenciando momentos de incertezas, angústias e perdas? Nem imagino. Dia desse, assistia ao documentário sobre as recentes guerras. Uma família permanecia parada na rua, entre escombros, aguardando os tanques passarem. A repórter, que também esperava, entrevistou a menina. “Oi!” A criança a olhou. Ela continuou. “Quantos anos você tem?” A pequena ucraniana respondeu: “Onze anos.” Prosseguiu: “O que você faz toda vez que precisa ficar esperando os soldados e os tanques se deslocarem?” A menina mostrou o livro que carregava e respondeu: “Leio Dostoievski.” A entrevistadora se calou. Antagônico, pensou. Adultizar, racionalizar, corromper, amesquinhar a imaginação infantil, é inútil. Ainda bem! Livros, sim, podem amenizar dores e adversidades.